Vamos supor que você está procurando uma matéria que fale sobre a morte de Osama bin Laden. O assunto tem o potencial para ser exaurido até as últimas gotas. Ainda assim, você precisa encontrar informações sobre o ocorrido. Qual é o seu primeiro impulso? Para muita gente é perguntar ao Deus Google e aguardar por respostas.
O problema é saber quais desses resultados são realmente aquilo que você procurava. Parece muito simples para quem trabalha diariamente com a internet e depende dos resultados para encontrar seja lá o que for. Entretanto, para quem é usuário “casual” ou apenas não pensa muito antes de clicar, a sensação é a mesma de estar em um oceano sem bússola.
Isso acontece por um simples motivo: cliques. Cada vez que você abre um link e exibe o conteúdo, os anúncios são carregados, oferecendo alguns trocados para o dono do site ou blog. O problema não é inserir anúncios, até porque as pessoas precisam se manter de alguma maneira.
A questão é saber diferenciar a boa informação e o ruído. Neste ponto precisamos lembrar que os critérios de branqueamento de páginas do Google dependem de mais de 130 variáveis. Satisfazer algumas delas utilizando técnicas de SEO (Search Engine Optimization) rende, certamente, as primeiras colocações nos resultados de busca orgânica – ou seja, não paga – do buscador.
Pensar sobre isso me fez levantar uma pergunta sobre técnicas de SEO em textos jornalísticos. Seria ético abusar dos conselhos de especialistas e engenheiros da área para colocar um determinado texto em primeiro lugar? De certa maneira, seria o mesmo que pedir ao dono da banca que colocasse o jornal A em posição de destaque na prateleira.
Espera-se que o leitor saiba discernir, somente pelos títulos e resumos minúsculos, entre o que pode ser aproveitado e o conteúdo que serve apenas para pegar “pára-quedistas”, que desavisados, clicam em anúncios sem entender muito bem o que está acontecendo. Novamente, não há mal nenhum em abrir publicidade. Mas será que isso não interfere na objetividade da informação?
Imagine a lista de resultados que surge depois de você ter requisitado as fotos que provariam que Osama bin Laden está realmente morto – supondo que essas fotos sejam publicadas algum dia. O número de links que contém exatamente o que você gostaria de ler é imenso. Mas este conteúdo está mesmo lá?
Barrigadas estão ficando cada vez mais comuns devido à falta de checagem de informações e apurações bem feitas, como manda o bom jornalismo. A vida de quem procura conteúdo de qualidade na internet tem ficado difícil. É claro que técnicas deste tipo são muito mais eficazes para quem trabalha com um público massificado. Ainda assim, os bons textos – aqueles que têm consistência e realmente contribuem para a busca do leitor – acabam perdendo posições e acessos importantes.
E aí, o que vocês acham? Abusar do SEO é ético no jornalismo online? Quais seriam os limites?