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Gatekeeper: a seleção digital

A preocupação com a quantidade de conteúdo já é assunto para várias discussões em diferentes lugars. C omo filtrar resultados de buscas do Google, encontrar o que interessa no Facebook ou até mesmo eliminar o “barulho” e selecionar só aquilo que interessa em meio às centenas de novidades é algo quase impossível. Até pouco tempo atrás, quem fazia essa tarefa era um jornalista – o famoso “gatekeeper”. Mas e agora que qualquer um pode se dizer jornalista – produzir e publicar o que bem entender – onde fica aquele senso de que é preciso ter informações que nem sempre agradam?

Todos os dias temos mais de 140 milhões de tweets, 1,5 bilhão de atualizações no Facebook, 10 milhões de posts no Tumblr, 1,6 milhões de posts de blogs, 2 milhões de vídeos no YouTube, 5 milhões de imagens no Flickr e 60 mil novos sites publicados. Com tanta informação assim, como saber o que realmente importa e aquilo que é nada além de ruído? A produção de conteúdo para o meio digital ainda depende muito da relevância nas buscas e alguns filtros os quais dificilmente vamos saber como funcionam.

Google e Facebook usam algorítimos baseados nas suas buscas e termos recentes. Funciona como Eli Parsier apresentou em sua conferência no TED 2011, “dificilmente você verá os mesmos resultados que o seu amigo está vendo”. Assim, cada pessoa acaba recebendo uma coleção de links que se adequa ao histórico de interações com pesquisas e outras pessoas na rede. O mecanismo é muito semelhante com os Anúncios Google. Veja o vídeo abaixo:

O Twitter, por ter um caráter mais individualista na seleção de conteúdo, permite filtrar melhor o que vai parar na timeline. Ainda assim, é impossível acompanhar tudo o que acontece por lá. Este modelo de rede social é muito mais dinâmico, mas não consegue suprir necessidades de filtragem de conteúdo. Quem é o gatekeeper? Quem é o responsável por pautar tudo aquilo que você consome em termos de conteúdos digitais?

Filtrar, organizar, republicar

As atualizações de status vão continuar sendo a principal fonte de contato com a novidade publicada. Mas a dúvida continua no que se refere à atuação do jornalista e como ele pratica o seu jornalismo dentro dessas redes. Afinal de contas, cada vez mais a função (nem tão) simples de gatekeeper tem sido aperfeiçoada pelo próprio jornalista na internet.

Ainda seguindo a linha de raciocinio de Eli Parsier, o atual modelo de gatekeeper mecânico que Google e Facebook estão usando acaba reduzindo a informação consumida a apenas conteúdos “divertidos” e pouco teor informativo em termos gerais. Parsier compara o consumo de notícias com uma dieta bem balanceada. Você pode ter a “sobremesa”, mas para isso precisa ter um bom tanto de salada, ou seja, as hard news .

A presença dos jornalistas nas mídias sociais já é algo irreversível. De uma maneira ou de outra, é a melhor forma de colocar ideias e entrar em contato direto com fontes e levantar pautas. De acordo com a pesquisa “Jornalismo e mídias sociais” feita pelo Artigo19 em parceria com a UNESCO e o Portal Imprensa, 95% dos jornalistas está no Twitter, 94% no Facebook e 71% no Orkut. Mesmo assim, muitos ainda ficam em dúvida na hora de publicar opiniões e links.

Como ser um bom gatekeeper?

Para se tornar um bom seletor de conteúdo, é preciso conhecer razoavelmente bem o espaço em que se está inserido e as possiblidades que ele oferece. O jornalista começa a ter um papel diferente nas timelines e até mesmo as grandes redes de jornalismo começam a ver este mercado como uma nova fonte de tráfego. O próprio Facebook já criou “manuais de boas práticas” para a publicação de notícias na rede e produziu um slideshow bastante interessante.


De maneira geral, o papel do jornalista na nova estrutura de veiculação de conteúdo volta a ser fundamental – independente da queda do diploma. O grande desafio é fazer com que o próprio gatekeeper seja conscientizado da sua importância e melhore a qualidade do que é lido, visto e ouvido por aí.