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[Prudence] Quando mídias sociais é mais mídia do que social

Quando o cliente pede um relatório das métricas, a gente já sabe o que ele quer ver: números de curtir, compartilhar, fãs, interações. Mas, isso é o bastante?

Digo isso porque conseguir material para gerar número é fácil: basta colocar uma dose de polêmica, outra de senso comum, disparar o gatilho “Postar” e você já pode se preparar para o big bada boom. Dúvida? Vamos analisar o caso da fan page Prudence:

Prudence - Facebook

Uma imagem com uma piada de conotação sexual – tudo a ver com o target. Nos relatórios, a repercussão fica linda: até 22h38 do 28/07 1085 pessoas curtiram isso e 2331 compartilharam – uau! Surpreso, né?

A não ser que você olhe mais de perto: pelos comentários, alguns seguidores não estão felizes. Eles falam em levar o caso ao CONAR.

O caso é que uma linha foi interpretada como apologia ao estupro por algumas pessoas e elas iniciaram uma série de comentários negativos sobre o tema. Em seguida, a história foi parar na mão do Bule Voador, uma fã page de um blog conhecido por tomar posições políticas a respeito desse tipo de coisa. O blog editou a mensagem e a compartilhou assim:

Prudence - Facebook - 2

Se é para falar de números: em apenas uma hora o Bule Voador conseguiu 56 curtidas, 93 comentários e 85 compartilhamentos sobre o caso, além de um provável montande de denúncias no CONAR. Percebam que esses números são bastante representativos porque, ao contrário da marca, são pessoas amplamente engajadas com o status.

Enquanto a piada da Prudence gerou um divertimento ou uma risadinha por alguns segundos para quem a leu, curtiu ou compartilhou, a crítico do Bule Voador gerou uma reflexão, discussão, comentários elaborados e, ainda mais importante,  engajamento. Tomou tempo das pessoas que comentaram por achar que tinham algo realmente relevante a dizer. Fez com que elas comentassem com os amigos, chamassem atenção para aquilo.

Esqueça a polêmica. Não estamos analisando se há ou não apologia ao estupro, mensagens subliminares ou o que quer que seja nessa imagem, ok? O caso é que não foi a gracinha, originalidade, curadoria do conteúdo ou qualquer coisa do tipo que fez sucesso – a interpretação negativa dessa imagem foi o único motivo para essa piada postada no dia 16/07 ainda receber comentários na noite de 28/07.

Para justificar essa e quase todas as crises que vejo por aí, eu tenho um palpite: na hora de fazer mídias sociais, tem marca que é muito mídia e nada social.

Às vezes, a pressão de conseguir números legais em um tempo curto faz o gestor cometer erros bobos que tomam grandes proporções. São conteúdos gerados na pressa e sem reflexão combinados a um planejamento que não prevê falhas ou o que fazer nelas.

Nesse caso, por exemplo, é provável que o gestor nem tenha percebido referência alguma a estupro, até porque esse texto é um daqueles que tem a idade das correntes de email – foi só reproduzido para fazer uma graça.

O detalhe que escapou foi o fator psicológico do trabalho, esquecido por muita gente por aí. Curadoria de conteúdo também é analisar qualquer coisa com muita minúncia antes de clicar em “postar”. É prever a reação não só do seu target, mas também do público que ainda não te conhece ou curte e pode cair de paraquedas no meio da crise, pronto para levar uma péssima impressão para casa.

É muito fácil ofender na internet, mas evitar é mais simples ainda: paciência, reflexão e análise do seu conteúdo são as palavras-chave. Aqui vai a minha lista mental de checagem de um conteúdo para vocês treinarem:

  • A imagem tem qualquer coisa ofensiva ou de mal gosto escondida?
  • Ela abre interpretação dúbia?
  • O texto tem erros de português?
  • Existe alguma parte dele que possa ferir a filosofia de vida do meu target?
  • Existe alguma parte dele que possa ferir gravemente a filosofia de vida de pessoas fora do meu target a ponto de elas criarem um movimento?

Se surgir dúvida, vale pedir para o colega do lado reler antes de postar. O que não vale mais para quem está esperto é deixar sua marca tão exposta. A gente pode esquecer no meio do caminho, mas ser porta voz de uma marca é um grande poder. Como diria o Tio Ben: “Com grandes poderes, grandes responsabilidades”.  E como diria sua mãe “Pense antes de falar para não passar vergonha”.

PS: Outra receita das boas para não virar uma marca daquelas que cria números a qualquer custo é educar seu cliente. Mas isso fica para um próximo post.

Marcações: